“A Origem é o Destino”
O início deste projeto
Dois álbuns de música , Brasil e Portugal
Em 2013 iniciei a construção da árvore genealógica da minha família. Pesquisei inicialmente o ramo inglês do meu tetravô, que ingressou muito novo na Marinha MercanteInglesa e estabeleceu-se no Maranhão, onde constituiu família. Uma das suas filhas casou-se com o meu bisavô, o mais novo de 21 irmãos que nasceram entre São Luís do Maranhão e o Couto do Mosteiro, Portugal.
Em janeiro de 2018, iniciei a pesquisa sobre a Família Perdigão. Para minha surpresa, a Torre do Tombo — que é o Arquivo Nacional Português, detentor de todos os manuscritos e documentos antigos, incluindo os das paróquias, desde o século XVI até aos finais do século XIX — havia disponibilizado on-line muitos desses livros. Foquei a pesquisa no meu trisavô, Domingos Feliciano Marques Perdigão, que teve 21 filhos de dois casamentos. Pesquisei um por um, descobrindo cada nome, e tentei encontrar os seus descendentes. Em abril, consegui encontrar a casa em que viveram durante muitos anos e que, na altura, se chamava “Solar dos Perdigões”. Imediatamente contactei o
dono atual, que ficou muito surpreso, pois conhecia o nome Perdigão por histórias dos seus avós, mas nunca imaginara vir um dia a conhecer alguém da família. Pouco tempo depois, encontrei primos que desconhecia e, nesse mesmo ano, fui ao Rio de Janeiro e tive a alegria de conhecer pessoalmente duas novas primas, o que muita satisfação me trouxe. Naquele dia tive uma sensação de que a família estava maior, como se fosse um reencontro. Posteriormente, juntámos forças e,
empenhados em reunir fotografias e documentos antigos guardados pela família em vários locais, continuei a esboçar essa linda história do passado.
Hoje ainda faltam muitos detalhes que se foram ocultando nas curvas dessas vidas, porém decidimos utilizar uma plataforma para gerenciamento de documentos digitais, com tecnologia aplicada às bibliotecas, museus e repositórios chamada Tainacan. O objetivo é permitir a investigadores terem acesso virtual a esses dados, facilitando o estudo, o que poderá não só enriquecer a pesquisa em torno da família Perdigão — tanto no que concerne à Música como a outras áreas de estudo, tais como a Pedagogia e o Ensino no Maranhão, a Sociologia, e a Historiografia em vários contextos. As pessoas deveriam compreender que não devemos guardar documentos e informações do passado dentro das gavetas, porque um dia tudo poderá acabar no lixo e transformar-se em pó. Pelo contrário, não importa a localização física do documento, se está no Brasil, em Portugal ou nalgum museu pelo mundo, o importante é ser preservado, descrito e indexado, como pertencente a dita família, e assim disponibilizado on-line — tornando o seu conteúdo imortal.
Cláudia Perdigão